Rei Midas: Hermitage Museum
10 min.

O Toque de Midas: abstração e verdade no curso da autovalorização do Capital

"Ser ou não ser, ou isto ou aquilo?”, a abstração está presente em nosso discurso, seja de forma direta e afirmativa, seja de forma essencial. A essência humana tornou-se abstrata, e com ela, todas suas ações também tornam-se abstratas na perspectiva de sua natureza enquanto universalmente livre em seu cerne consciente
Ceará, Brasil
rafaelpaiva@judasasbotasde.com.br

Introdução

O presente texto tem por objetivo principal fazer uma reflexão sobre a relação entre o poder e o capitalismo, ou melhor, entre a sujeição e o Capital, traçando um fio condutor que vai de Marx a Foucault.

As relações sociais constituem-se num conjunto de manifestações conscientes e sujeitas, a partir das diferentes incongruências do Inconsciente coletivo, com as quais estabelece sua mais profunda abstração: o poder. Tal “feixe de relações mais ou menos organizado”, como destaca Foucault em sua Microfísica do Poder, expressa não apenas um caráter de submissão individual, mas o da produção de um sujeito. Aquilo que Judith Butler denomina por sujeição, possui raízes não-concretas, mas abstratas, inconscientes.

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O que quero apresentar neste texto é a relação dessa sujeição na produção de um indivíduo inserido na práxis de exploração, alienação e autovalorização capitalista. Considero que esta segunda palavra é o ponto síntese de minha análise. De acordo com Karl Marx, em seus Manuscritos econômico-filosóficos de 1844 explica o trabalho alienado:

“A atividade vital consciente distingue o homem imediatamente da atividade vital animal.   Justamente, [e] só por isso, ele é um ser genérico. Ou ele somente é um ser consciente, isto é, a     sua própria vida lhe é objeto, precisamente porque é um ser genérico. Eis por que a sua atividade é atividade livre. O trabalho estranhado inverte a relação a tal ponto que o homem, precisamente porque é um ser consciente, faz da sua atividade vital, da sua essência, apenas um meio para sua existência.” (MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos, p. 84-85)[i]MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. 1ª ed. Tradução: Jesus Ranieri. São Paulo, SP: Boitempo, 2004. p. 84-85

O conceito marxista de exploração capitalista do sujeito constitui a base da nossa análise, uma vez que ele consegue alcançar seu objetivo de dar conta perfeitamente da integração de poder e Capital, numa relação de fomento do sujeito inserido na práxis em que vivemos.

A minha reflexão pretende abordar a produção do sujeito capitalista também estabelecendo uma relação metafórica com a fábula grega do Toque de Midas, dado que é levado em consideração o caráter abstrato do poder e a sujeição efetivada nas relações sociais.

I. Não ser

“Ser ou não ser, ou isto ou aquilo?”, a abstração está presente em nosso discurso, seja de forma direta e afirmativa, seja de forma essencial. A essência humana tornou-se abstrata, e com ela, todas suas ações também tornam-se abstratas na perspectiva de sua natureza enquanto universalmente livre em seu cerne consciente. Michel Foucault não era universalista, portanto acredita numa separação entre o poder e a ontologia. Para ele, o poder “não existe”, não há “um poder”, uma “gênese” que estabeleceu sua relação com os seres humanos. Portanto, tal analítica do poder visa um feixe multidimensional, e não algo central, uma “sopa primordial” da verdade.         

Ainda que não exista um conceito definido de poder (não se pode definir algo que não exista, não por uma linguagem unitária), é necessário uma análise da afirmação da verdade contida em sua natureza. É absolutamente necessária uma analítica da essência do poder sobre a sociedade. Judith Butler analisa em “A vida psíquica do poder”[ii] BUTLER, J. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. 1º ed. Tradução:  Rogério Bettoni. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2017, 208 p. a questão da sujeição, colocando o ser como dependente do poder para a sua existência, ao mesmo tempo que sua permissibilidade quando o indivíduo se rebela ante sua afirmação.

Na perspectiva indicada por J. Butler, procuro analisar o poder situado nas heterotopias da sociedade capitalista como uma abstração, mas também algo que abstrai o ser. A perda de sua essência, tornando-se alienada a sua própria natureza e a seu semelhante, apenas produzindo para sua existência, que é encarcerada dentro do gigantesco panóptico em que o eu se situa, no curso da autovalorização do Capital. Trata-se do objetivo central desta reflexão: analisar o não-ser, a sujeição e a perda da essência do Eu e das coisas. O “Toque de Midas” da lógica do Capital que despersonaliza o indivíduo e o coloca como um nada, num espaço de tudo. Burguesia e Proletariado não se passam de massas de manobra. Capital e Poder se associam e se desassociam.

II. Midas e subordinação

“Midas seguiu caminho, jubiloso com o poder recém adquirido, que se apressou a pôr em prova. Mal acreditou nos próprios olhos quando viu um raminho que arrancara do carvalho transformar-se em ouro em sua mão. Segurou uma pedra; ela mudou-se para ouro. Pegou um torrão de terra; virou ouro. (…) Sua alegria não conheceu limite e, logo que chegou e casa, ordenou aos criados que servissem um magnífico repasto. Então verificou, horrorizado, que se tocava no pão, este enrijecia em suas mãos; se levara a comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la.” (BULFINCH, T. O Livro de Ouro da Mitologia, p. 57)[iii]BULFINCH, T. O Livro de Ouro da Mitologia. 34º ed. Tradução: David Jardim. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2006. p. 57

É um pequeno trecho da lenda do Rei Midas, que recebe o dom do “toque de ouro” por Dionísio. Embebido pela ganância, ao adquirir seu novo “poder”, o rei da Frígia transforma tudo que toca em ouro e tudo que bebe em ouro derretido. Despojou-se de sua riqueza consciente para obter aquilo que a mitologia denominou “poder”. Ora, se Midas é dono de seu poder, por que não o controla? A resposta é simples: O poder que acredita ter, não existe. Não há poder, e sim uma qualidade. E tal qualidade só fora concedida à suas mãos por um ser “superior”.

O leitor acredita que há uma gênese do poder no deus do vinho e do teatro e está certíssimo. O “deus” parte de uma concepção humana de seu inconsciente coletivo, que não possui uma gênese, mas produz um discurso hegemônico. Baco, um ser imortal, agradece a hospitalidade de um rei mortal e lhe concede uma habilidade que custa um preço caro. A divindade sujeitou-se a relação social de troca de dádivas, uma prestação completa. Não há poder ali fornecido, mas uma qualidade hegemônica. O poder nada é. É algo abstrato e que existe sempre a partir de uma sujeição. E que nunca se esvai. A analítica do poder só existe por causa dessa concepção abstrata do poder. Ele existe, está em tudo, sabe de tudo, e tem todas as qualidades, que se valorizam e se ressignificam, mantendo sua abstração. Não há um cerne do poder.

Foucault, em sua Microfísica do Poder, responde para o jornalista Alain Grosrichard sobre a ideia de poder, a partir de seu estudo analítico:

“Se o objetivo for construir uma teoria do poder, haverá sempre a necessidade de considerá-lo como algo que surgiu em um determinado ponto, em um determinado momento, de que se deverá fazer uma gênese e depois a dedução. Mas se o poder na realidade é um feixe aberto, mais ou menos coordenado (e sem dúvida mal coordenado) de relações, então o único problema é munir-se de princípios de análise que permitam uma analítica das relações do poder.” (FOUCAULT, M. Microfísica do Poder, p. 369-70)[iv]FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. 1º ed. Tradução: Roberto Machado. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2014. p. 369-70

Partindo dessa análise, pode-se compreender que não há uma gênese e sim uma coordenação, a partir das relações sociais e espaciais. E essas “relações do poder”, ditas por Foucault, são tomadas a partir da sujeição. O mesmo poder que oprime o indivíduo, é aquele que o garante o direito de transformá-lo. É possível, de certa maneira, caracterizá-lo como um inconsciente. Algo abstrato, que possui suas interpretações, mas que não atendem a uma análise totalizante, apenas descrevem as suas formas de hegemonia, sendo elas sociais, econômicas e culturais, mas nada podem adentrar numa gênese do poder, por esta mesma não haver. Ele não emana do povo, mas se sustenta a partir dele.

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III. Dádiva e abstração

Marcel Mauss, antropólogo francês, desenvolveu um estudo completo sobre as relações cotidianas de prestação e dádiva, conhecido por Ensaio sobre a Dádiva.[v]MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva. Tradução: Antônio Filipe Marques. 1ª ed. Lisboa, Portugal: Edições 70. 2008, 224 p. Nessa magnífica obra, o estudioso se concentrou na explicação contratual da estrutura da prestação total e dos potlatch entre as aldeias da Polinésia. Nesse trabalho, Mauss identificou que esse “feixe aberto de relações sociais” descrito anos mais tarde por Foucault estava intrinsecamente representado sob a figura mágica do mana que, para os Maori significa “poder adquirido”. Ora, tal explicação concentrada na obra a respeito do que seria tal aquisição, advém de uma inconsciente relação social marcada pela troca de dádivas (presentes). Em suma, uma família tribal, num sistema de potlatch, possui uma relação de dominância mediante a acumulação dos artigos (taonga) prestados. Logo, a retribuição também passa a ser uma relação de superioridade frente à famílias “mais fracas”. A posse temporária dos bens adquiridos faz daquele grupo de pessoas acreditar que detém de um poder essencial, quando de fato possui apenas a manifestação de sua verdade, numa figura simbólica inconsciente, e que perpassa na tradição dos outros membros da aldeia.

Tomemos por base essa essência abstrata do poder e analisemos agora sua interferência nas relações sociais do sistema Capitalista. Nesse ponto em diante, a questão da dádiva e do mana adentrarão a um âmbito totalizante, sendo preciso analisar para além do Capital, e entender não apenas a abstração do poder inserido nas relações sociais, como também o resultado inconsciente do despojamento da essência produtiva do ser social. Desse ponto em diante, a perspectiva analítica integrará um sentido também ontológico, apesar de Foucault não admitir o universalismo que percebemos em Marx e Mészáros, mas isso é absolutamente necessário para compreendermos a amplitude da abstração nas relações de concorrência e exploração da força de trabalho.

IV. Sujeição

Á luz dos argumentos apresentados, o mito do Toque de Midas é associado a uma relação de poder baseada na sujeição. Agora, porém, precisamos transitar do terreno semântico-metafórico para o terreno teórico-filosófico, par analisar a questão da “feitura do sujeito” e relacioná-la com o Capital. Vale ressaltar que a dominação proporcionada pelo processo de autovalorização do sistema capitalista é abstrata, ou seja, não há um ser ou classe social que a controle. Burguesia e Proletariado estão sujeitas à dominação capitalista em suas mais diversas esferas. Para Butler a sujeição significa “tanto o processo de se tornar subordinado, quanto o processo de se tornar um sujeito”[vi]BUTLER, J. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. 1ª ed. Tradução: Rogério Bettoni. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2017. p. 10. Nessa perspectiva, o processo de formação da essência do sujeito se forma a partir de uma “submissão ao poder”[ef]Idem[/ref].

Foucault não adentra à questão de uma associação psíquica do poder e do ser, da mesma forma que os psicanalistas ortodoxos, como ressalta Butler[vii]Ibidem. Seguindo uma perspectiva análoga ao que a filósofa estadunidense reflete em sua Introdução, em contraposição aos escritos foucaultianos e psicanalíticos ortodoxos, Vladmir Safatle adentra ao cerne do discurso e da linguagem, em correlação à frase lacaniana no Seminário 14: “o inconsciente é a política”:

“(…) o inconsciente é a linguagem enquanto ordem social que organiza previamente o campo de toda experiência possível”[viii]SAFATLE, V. Folha explica Lacan. São Paulo, SP: Publifolha, 2007. p. 45. In KEHL, M. R. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. 2ª ed. São Paulo, SP: Boitempo, 2015. p. 26

Partindo do princípio do discurso no qual o inconsciente está intrinsecamente relacionado ao poder, principalmente baseado na ideia da sujeição e, mais a fundo, na Psicologia das Massas de Freud, quando a massa é unidirecional, “absolutamente influenciável e crédula”[ix]FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. 1ª ed. Tradução: Renato Zwick. Porto Alegre, RS: L&PM Editores, 2013. p. 50, podemos inserir o Capitalismo como uma forma de poder baseada na sujeição entre as classes, dentre as quais há formação e submissão dos sujeitos ante a sua própria abstração (no caso proletário, a alienação).

V. “Capital-sujeito”

Pensemos agora no processo de feitura do sujeito como personagem do processo de autovalorização do capital: à medida que as fases de acumulação, concentração e centralização se desenvolvem e ampliam sua “linha de produção essencial”, ou seja, “fazem” um ser que se adapte o quanto antes no modo de vida capitalista e estabeleça um cotidiano de certo modo automático. O Capitalismo é propiciado pela sujeição. Uma dominação abstrata, não apenas propiciada pelo fator da troca, mas pela construção de relações sociais submissas a um sistema vigilante e explorador.

Nesse contexto, à medida que o capital se desenvolve de acordo com sua temporalidade, são estabelecidas formas atualizadas de adestramento e afirmação da verdade, com cerne na abstração do ser social. Não apenas a negação à luta de classes, mas toda uma cadeia de significados pré-estabelecidos que nos inserem como sujeitos do modo de desenvolvimento do Capital a sua época. A construção da subjetividade capitalista se faz cotidianamente, tendo por principal característica a ilusão da liberdade de agir, pensar e sentir.

A produção do sujeito capitalista é admitido para fins com os quais a ordem social capitalista possa fluir com maior celeridade. O ser essencial, aquele caracterizado pelas manifestações humanas de seu próprio cerne, num equilíbrio entre consciente e inconsciente, está em coma induzido por aparelhos estranhados. O que sobrevive no indivíduo (não mais um “ser social”, mas um indivíduo, uno, existente, reservista) é uma cadeia de emoções efêmeras, que se esvaem com celeridade.

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Retornando à fabula grega, explicitada anteriormente, Midas galga o tão sonhado desejo da riqueza concreta, mas empobrece o seu interior até agregar sua mais profunda solidão. O rei então suplica a Baco que retire a “dádiva”, e assim o faz. O motivo de ter escolhido esta pequena lenda foi pela sujeição inserida. Midas é um rei, administra o poder em Frígia, mas almeja um controle maior desse feixe abstrato, rebaixando-se a um mero servo do deus do vinho e do teatro, que o retribuiu o desejo para a farsa de um rei bondoso. Essa por sua vez transformar-se-á numa tragédia. A tragédia da submissão.

Midas representaria atualmente uma espécie de grande centralizador capitalista, mas não o seu dono, está submisso ao “deus-capital” (não confundir com o “sujeito-deus”). A práxis abstrai-se sobre o grande Capital, que é administrado por poucos que ditam normas de comportamento para manter sua autovalorização desigual. A liberdade é abstraída em troca do adestramento dos indivíduos, que despojam suas emoções, adoecem inconscientemente. A abstração do ser, e a repressão de suas vontades, desejos, essências, são resultados desse toque submisso. Essa tragédia ontológica, manifestada pelas relações desiguais, ministradas pelos detentores provisórios dos meios de produção, que mal sabem que, abstraindo o proletariado de sua existência enquanto natureza livre, também se abstraem enquanto sujeitos de suas raízes capitalistas, no ciclo de autovalorização do “Capital-sujeito”.

Considerações finais

À luz das considerações acima apresentadas, vale a pena realizar uma reflexão final a respeito da essência abstrata do sistema capitalista e da produção do sujeito, que se transforma com o desenvolvimento da práxis, à medida que o ciclo de autovalorização do Capital segue seu fluxo de exploração célere e letal.

Como apresentado na introdução, Marx demonstra que o trabalho alienado produz a perda da essência livre do trabalhador. De certa forma, a burguesia, como também está inserida no processo de produção capitalista, numa tentativa constate de se assumir como classe hegemônica, estabelecendo formas com as quais revelam-se as diversas “máscaras” do poder que afirmam a verdade inserida em suas formas, a exemplo da repressão sexual, surgida como forma de assumir a dominância heterossexual.

Ainda nesse contexto, Michel Foucault apresenta em sua História da Sexualidade – volume 1, a origem desse tipo de repressão, coincidindo com o desenvolvimento do capitalismo, objetivando-se criar ao que é possível supormos a criação de um “sujeito heterossexual” para a reprodução biológica do Capital, passando de um processo dominante, para a tentativa da concretização de sua hegemonia, ou melhor dizendo, da hegemonia burguesa:

“Esse discurso sobre a repressão moderna do sexo se sustente. Sem dúvida porque é fácil ser dominado. Uma grave caução histórica e política o protege; pondo a origem da Idade da Repressão no século XVII, após centenas de anos de arejamento e expressão livre, faz-se com que coincida com o desenvolvimento do capitalismo: ela faria parte da ordem burguesa.” (FOUCAULT, M. História da Sexualidade I – A vontade do saber. p. 15)[x]FOUCAULT, M. História da Sexualidade I – A vontade do saber. 11ª ed. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, RJ: Graal, 1993. p. 15

Portanto, é possível percebermos que, a manutenção de uma espécie de regime do poder capitalista, despojando todo e qualquer sentimento demasiadamente humano e estabelecendo uma consciência produtiva automatizada, rasa, sem nenhuma profundidade essencial, apenas para manter um avanço tecnológico heterossexualizado de uma sociedade machista estruturalmente.

O Capital-sujeito analisado nesta reflexão é este ser que não é. Abstraiu-se da vida por uma coletividade fadada a uma relação de sujeição a um poder produtivo, que patologiza seu modo de ser, e o “faz” subjetivamente, procurando um ideário demasiadamente submisso, relegado a sua insignificância quantitativa. Um ser do inexistente, alienado de seu semelhante. O Toque de Midas sistemático, magnífico para os reis da Frígia, mas uma moléstia para o outro, aquele outro sujeito.

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Notas de rodapé

Notas de rodapé
i MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. 1ª ed. Tradução: Jesus Ranieri. São Paulo, SP: Boitempo, 2004. p. 84-85
ii BUTLER, J. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. 1º ed. Tradução:  Rogério Bettoni. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2017, 208 p.
iii BULFINCH, T. O Livro de Ouro da Mitologia. 34º ed. Tradução: David Jardim. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2006. p. 57
iv FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. 1º ed. Tradução: Roberto Machado. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2014. p. 369-70
v MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva. Tradução: Antônio Filipe Marques. 1ª ed. Lisboa, Portugal: Edições 70. 2008, 224 p.
vi BUTLER, J. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. 1ª ed. Tradução: Rogério Bettoni. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2017. p. 10
vii Ibidem
viii SAFATLE, V. Folha explica Lacan. São Paulo, SP: Publifolha, 2007. p. 45. In KEHL, M. R. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. 2ª ed. São Paulo, SP: Boitempo, 2015. p. 26
ix FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. 1ª ed. Tradução: Renato Zwick. Porto Alegre, RS: L&PM Editores, 2013. p. 50
x FOUCAULT, M. História da Sexualidade I – A vontade do saber. 11ª ed. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, RJ: Graal, 1993. p. 15

Referências

  1. BULFINCH, T. O Livro de Ouro da Mitologia. 34º ed. Tradução: David Jardim. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2006. 360 p.
  2. BUTLER, J. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. 1ª ed. Tradução: Rogério Bettoni. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2017. 208 p.
  3. FOUCAULT, M. História da Sexualidade I – A vontade do saber. 11ª ed. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, RJ: Graal, 1993. 156 p.
  4. ______. Microfísica do Poder. 1º ed. Tradução: Roberto Machado. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2014. 432 p.
  5. FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. 1ª ed. Tradução: Renato Zwick. Porto Alegre, RS: L&PM Editores, 2013. 176 p.
  6. MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. 1ª ed. Tradução: Jesus Ranieri. São Paulo, SP: Boitempo, 2004. 192 p.
  7. MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva. Tradução: Antônio Filipe Marques. 1ª ed. Lisboa, Portugal: Edições 70. 2008, 224 p.
  8. SAFATLE, V. Folha explica Lacan. São Paulo, SP: Publifolha, 2007. p. 45. In KEHL, M. R. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. 2ª ed. São Paulo, SP: Boitempo, 2015. 312 p.

Cite-nos

Paiva, Rafael. O Toque de Midas: abstração e verdade no curso da autovalorização do Capital. Forca de Judas, Porto Alegre, v. 2, n. 3, 2021. Disponível em: <https://revista.judasasbotasde.com.br/232021/o-toque-de-midas-abstracao-e-verdade-no-curso-da-autovalorizacao-do-capital/>. Acesso em 04-10-2024

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